Como aprender campo harmônico definitivamente

Introdução

Fala rapaziada, vamos falar de campo harmônico, se você tem problema com o campo harmônico, se você tem medo quando alguém chega e pergunta que estão que está, ou toca aí em ré maior, toca aí em mim menor, seus problemas acabaram! Porque você vai sair do fim desse post entendendo definitivamente o que é campo harmônico.

Série harmônica

Mas para entender primeiro que é campo harmônico (C.H.), você vai ter que entender o que é série harmônica. Mas não se preocupa, porque tem vídeo aqui no canal, é só colar lá e assistir o vídeo da série harmônica. Então, eu vou te lembrar rapidamente aqui o que é essa tal de série harmônica.

Série harmônica é uma divisão natural dos sons que tem da natureza, né? Quando você pega uma corda de vibra no violão, ela vai vibrar e se dividir pela metade, depois na metade, na metade da metade, na metade da metade da metade etc, e por aí vai até o infinito, até perder toda a energia nessa própria vibração, não o contrário. Os planetas também vibram. A gente está vibrando junto do sistema solar, isso é muito louco. Essa série harmônica, eu vou relembrar muito rapidamente, porque eu já falei que tem aula no canal:

A série harmônica tem essa divisão e essa divisão e que não é perfeita, né? Algumas notas desse divisão não são perfeitas. Algumas notas dessa divisão tem mais energia do que outras. E as que têm mais energia são essas primeiras aí que você está vendo na tela.

O dó, se a gente tocar um dó, vamos pegar ele como exemplo. Ele vai ter a primeira mais forte, obviamente, depois a oitava, depois a quinta, depois oitava, da oitava, depois a terça, mas olha que interessante nessa imagem abaixo, tem uma diferença de cents. Cents é essa divisão entre as notas, que é a diferença que está mostrando ali, a diferença entre o som natural, a escala natural e a escala temperada. Embora a gente chame a escala maior natural, de escala natural também.

Singularidade da música – ime.usp.br

https://reinaldoneves.com.br/como-a-serie-harmonica-e-o-temperamento-te-ajudam-a-entender-o-tom

Mas o que está ali na linha, embaixo da linha de nota, é a frequência na natureza. E logo abaixo, a frequência temperada, ajustada e a diferença em cents que eu falei. Essa divisão pitagórica que deu origem a escala como a gente conhece.
A partir desses pequenos ajustes nos sons naturais, a gente chega então nessas sete notas, dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, e dó, no sistema tonal, Euroocidental. Na natureza o sí e fá, principalmente, eles não são exatamente si e fá como conhecemos. Mas como te mostrei, tem outros ajustes aí nesse temperamento, né? Esses ajustes se tornaram uma normatização do que a gente conhece como escala, né? É disso que vem as sete notas que a gente ouve desde criança.

Tom e semi-tom

Vamos falar então de tom e semitom. O tom é a maior distância entre duas notas e o semi-tom é a menor distância entre duas notas.
Vou falar mais disso, mas o tom também pode ser esse nome que a gente dá para uma nota que rege todas as outras notas de uma música, né? O tom é um buraco negro, né? É um centro de gravidade. Todas as outras notas giram em torno dele e vão ser sugadas para ele.
Vai tudo acabar na nota do tom. A gente chama de repouso essa sensação, que é a sensação do primeiro grau, quando tudo retorna ao um.
Esse tom pode ser maior ou menor e ele está sempre em função de uma nota central, a mais forte, que reina sobre as outras, a TÔNICA.

Como eu falei, então, o tom pode ser também uma distância entre notas. Uma distância maior entre duas notas ou uma distância menor entre duas notas. E aí você pode olhar o piano e ver que ele tem ali, oitenta e oito teclas, mas são a representação várias vezes das sete notas musicais. São sete teclas, brancas e cinco pretas.

Você vai ver que entre o mi e o fá, não tem uma tecla preta. Ou entre o si e o dó, justamente por causa desse temperamento, dessa forma como a gente construiu a escala, principalmente a partir do século XVII e XVIII. A gente não, os europeus, né, a igreja, em todo esse movimento de colonização e dominação de um povo sobre outro.

Então por exemplo, entre o dó e o ré, você vai ter um tom de distância. Entre o ré e o mi também. Entre o fá e o sol, entre o lá e o si. Mas como eu falei, entre o mi e o fá, entre o si e dó, são as exceções, eles estão mais juntinhos, eles são vizinhos mais próximos. Ou seja, entre o dó e o ré, o ré e o mi, entre o fá e sol, entre o sol e o lá e entre lá e o si, existem tom. E entre o mi, o fá, semitom e entre o si e o dó também, semitom. No violão, essa distância de semitom é uma casa de distância enquanto o tom, são duas casas de distância.
Então, quando alguém te pergunta sobre tom, você pode dizer:

“Você está falando do campo harmônico, das notas principais que regem a música ou você está falando da distância entre duas notas?”

Intervalos

Vamos falar agora da estrutura intervalar da escala, então. Do resultado desse temperamento, dessa normalização dos sons naturais que fez a gente chegar nas sete notas musicais que conhecemos. Com essas coisas todos que eu já falei em mente, agora você consegue saber que existe uma seta matemática ali na escala natural, existe uma fórmula pra ela. E essa fórmula é a distância entre as notas. E essa distância é tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom.

T – T – ST – T – T – T – ST

Você pode pensar então nessa estrutura de fórmula da escala maior, em termos de graus também, a gente falou aqui que existe o tom, tom, semitom, tom, tom, semitom entre essas notas. Ou seja, entre dó-re, entre o re-mi, tem tom, né? Entre o mi-fá semi-tom, entre o fa-sol tom, entre o sol-la tom, entre o si-dó semitom.

Mas a gente pode falar também em termos de graus. É muito comum que guitarristas pensem assim. Então, pensando que o dó é a primeira nota, a gente vai chamar ela de fundamental, o nota número 1, a tônica. Então aqui é só contar mesmo, né? Vamos pensar então aqui, o dó é 1, o re, o 2. A gente chama de segunda maior. O Mi, é o 3, uma terça maior, é maior, justamente porque tem essa distância de tom, entre a terceira nota e a segunda, né?

Se fosse um semitom entre a terceira nota e a segunda, a gente teria uma terça menor, aí seria um “m” minúsculo. A quarta e a quinta nota, a gente chama de quarta e quinta-justa, a sexta maior e a sétima maior. Então tirando o quarto e o quinto grau, se pode clasificar essas notas da escala sempre em termos de maior ou menor, não maior como os acordes, mas maior porque tem uma distância em semitoms ou em toms, mais longa ou mais curta em relação à tônica. Maior ou menor em relação a primeira nota, a nota um, ao centro de gravidade.

F2M3M4J5J6M7M8
Dó maiorMiSolSi
Sol maiorSol SiMiFá#Sol
Ré maiorMiFá#SolSiDó#
Lá maiorSiDó#MiFá#Sol#
Mi maiorMiFá#Sol#SiDó#Ré#Mi
Si maiorSiDó#Ré#MiFá#Sol#Lá#Si
Fá# maiorFá#Sol#Lá#SiDó#Ré#Mi#Fá#
Ré bemol maiorRé bMi bSol bLá bSi bRé b
Lá bemol maiorLá bSi bRé bMi bSolLá b
Mi bemol maiorMi bSolLá bSi bMi b
Si bemol maiorSi bMi bSolSi b
Fá maior maiorSolSi bMi
Todas as 12 escalas

Tente solfejar essa “escada” ou escala de dó maior:
Dó, ré, mi fá, sol, lá, si e Dó

Então é uma escadinha de notas, né? Do mais grave, para o mais agudo. É claro que nenhuma música fica só na escala. As músicas dançam, a gente leva o som pra passear. E ele não vai sempre na ordem reta da escala. Você não vai ficar fazendo músicas subindo e descendo escala apenas. Ela pode, ir da quinta para a primeira nota, para a segunda, depois passa pela sexta nota, depois vai para o um, pro dois, depois pode ir para o cinco que vai e volta para a primeira.

Então a gente usa essas notas de forma embaralhada na música. Não nessa ordem retinha, como a gente tá cantando aqui agora necessariamente. É importante pensar na escala em graus, é importante pensar na escala em termos de som mesmo, saber o som das escalas, praticar, né, tocar. E aí cada instrumento tem uma forma diferente de tocar essas mesmas escalas.
Mas o mais importante também é ter relações afetivas com esses sons. Pra estabelecer conexões. Eu falo um pouco disso em uma das aulas
sobre a relação dos intervalos com os nossos afetos, a partir de músicas conhecidas:

Empilhamento de terças

E aí vem o terceiro passo para fazer campo harmônico, para saber fazer campo harmônico, que é empilhar terças. Então, o C.H. vem das escalas, ele vem das sete notas de uma escala. São as escalas que dão origem para campo harmônico, não o contrário.

Que que a gente vai fazer então? A gente vai pegar esse escala e empilhar as notas em terças, de três em três, simplesmente isso.
É muito simples, é assim que a gente chega no campo harmônico, né? Então, ele é simplesmente um resultado desse empilhamento de terças. Você pega a primeira, a terceira nota, e conta mais três para frente.

formação de acordes em tríades
Formação de acordes

Na prática, você vai usar a escala, pulando sempre uma nota, né? É um empilhamento de terças da escala de diatônica natural, que gera o campo harmônico. Então, parece complicado, chique, difícil, mas é muito, muito simples, né?

Então, tudo que você faz para chegar no campo harmônico, é pegar uma escala e empilhar essas notas em terças e tocar elas em um mesmo momento no espaço e tempo. Isso é harmonia tonal. Você vai tocar elas juntas e não em sequência, só que empilhadas em terças.

Então, por exemplo, o dó ali é a primeira nota. Vamos pensar no nosso exemplo de sempre, o dó maior. Olha só, se a gente pular o ré e ir para o mi, a gente tem o dó e o mi ao mesmo tempo, que é o dó e a sua terça. A gente vai pegar o Dó e a sua quinta agora, que é a terça, da terça. Por que? Então 1: dó, 3: mi, 5: sol. Ou seja, três, né? De três em três. Então, vamos chegar no sol, né? Dó maior é isso: Dó, Mi e Sol ao mesmo tempo. Simplesmente o empilhamento de terças da escala. A gente faz o mesmo para o ré, para o mi, para o fá, o sol, o lá, o si, enfim, todas as notas da escala. Entendeu? Com esse resultado do empilhamento, o primeiro acorde é do maior, o segundo acorde ré menor. Mas por que menor? Ele é menor porque ele tem uma terça menor. Lembra lá dos intervalos? Segunda maior, terça maior?
No C.H. O acorde que tem terça maior sempre vai ser maior. O acorde maior sempre tem a terça maior. Enquanto o acorde menor sempre tem a terça menor. Uma terça bemol. Então, se fosse do menor aqui o exemplo, o acorde seria Dó, Mi bemol e Sol. A gente precisa saber, então, como são as características do acorde maior e menor e diminuto.

Formação de acordes

Uma acorde maior é feito por dois intervalos. Uma terça maior, mais uma terça menor empilhadas. Se você olhar pro ré menor, você tem re e fa.
Re – mi: Tom
Mi – Fá: semi tom
Ou seja, um tom e meio da primeira pra terceira nota. Então é ré menor por conta disso. Por conta dessa relação de distância entre a primeira e a terceira nota, sendo que a quinta sempre tem a mesma distância nos acordes maiores ou menores: 1 -> 5J = três tons e meio.

Isso é campo harmônico. Ele obedece a forma desse escala maior. Então, significa que o resultado sempre vai ser esse, mesmo em outros tons, o primeiro acorde é sempre maior, enquanto o segundo, o terceiro e o sexto são sempre menores, o quarto e o quinto maiores. O sétimo é sempre diminuto, por que tem duas terças menores empilhadas.

Então, esse é o resultado.

Conclusão

Então, alguns graus sempre vão ser maiores e outros sempre vão ser menores, porque são resultados do emiplhamento de terças da escala.
Você sempre vai ter essa configuração. Você sabe que eu tenho um curso chamado Harmonia da Canção Brasileira (HBC), você pode olhar lá no meu canal e você vai ver o que que pode acontecer depois que a gente descobre o campo harmônico. Esse assunto é só o início, só a ponto do iceberg.

HBC – Harmonia da canção brasileira


Depois vem as cadências, né? Depois vem o que a gente faz com essas notas, com esses acordes, como combiná-los, como outros músicos antes de nós já combinaram, etc.

Imagina então que o tom é uma paleta de cores, né? O campo harmônico sempre vai ter essa “cara” essa pré-definição, essa mesma configuração, mas o tom pode mudar, e ainda assim a configuração sempre vai se apresentar nessa forma. Sempre vai ter o a forma baseada no TT ST TTT ST. Se for música de tonalismo. Se for uma música tonal. Há outros C.H.’s, campos menores, há outras músicas que estão fora desse jogo tonal, que trabalham com o modalismo, atonalismo, serialismo integral, música experimental, espectral, música eletroacústica, música concreta, etc. Coisas que você não tem que saber agora. Mas a música tonal é baseada nesse jogo de quartas com origem na série harmônica, em uma escala que gera uma sequência de acordes com hierarquia entre eles, com teleologia, com finalidade, direcionalidade: Repouso, tensão e afastamento.

Cores

O Van Gogh, por exemplo, a Noite estrelada, sempre vai ser Noite Estrelada, mas você pode baixar a imagem e dar uma bagunçada no Photoshop, né? Por exemplo, mudar a matriz de cores, a Noite Estrelada do Van Gogh, que continua Noite Estrelada, mas você pode bagunçar ela com outras cores, a partir de uma referência. Por exemplo, mudar a referência de azul da imagem. Então o tom é essa paleta de cores, né? Quando a gente brinca de mudar de tom, a gente está falando de mudar as cores da música.

Então mudar o tom para um lugar mais agudo, um lugar mais grave, é, por exemplo, ajudar um solista que tem uma tessitura diferente
no seu instrumento, um cantor que tem a voz muito aguda, e aí precisa subir o tom, ou tem a voz muito grave. Se aparece alguém com uma voz mais grave para cantar e precisa baixar o tom da música, porque senão eu sou simplesmente não consegue atingir aquelas notas, porque ela está de uma tonalidade muito aguda.

É isso, você pegou a visão ou não?
Deixe aí nos comentários.

Atividade

Então, vamos fazer uma atividade aí agora.
Vamos pegar aí, a escala de sol maior, tá?
Sol, lá, si, dó, é, em, fá sustenido, sol.

Percebeu que a única diferença entre escala de sol maior e de dó maior, é o fá sustenido né?

E você vai fazer o mesmo aí que a gente fez com dó. Você vai pegar esse escala, empilhar as terças, que você vai chegar no campo harmônico de sol maior. Depois disso, você vai tocar esse campo harmônico em uma outra ordem, não na ordem que a gente tocou aqui, primeiro segundo terceiro, quarto, quinta e sexta. Você vai tocar seis, três, dois, cinco, um.

vi iii ii V I

E depois você vai fazer isso com todas as outras escalas, as dozes escalas aí. Procure então um som que está em sol maior e poste aqui embaixo para a gente.
Quero que você comente também, se foi fácil ou difícil entender o que é o campo harmônico. Deixa aí dos comentários.

É isso, então, rapaize, você viu que o campo harmônico tem origem na série harmônica e na escala de diatônica natural, que não é esse bicho de sete cabeças, né? É uma normatização da sociedade eurocidental, que tem a ver com a nossa formação enquanto o povo, do processo de colonização do Brasil, da história da educação musical do Brasil, da forma como a gente foi desenvolvendo música, das nossas origens eurocidentais de harmonia.
Com o tempo a percepção de diferentes tons, de saber onde está os tons, vai ficando melhor, vai ficando mais fácil, principalmente se você faz exercício de tirar música de ouvido e toca um instrumento harmônico como o violão ou o piano.

Então, queria que você fizer esse exercício, pega músicas, canções simples que você gosta, de repente canções folclóricas, e tenta tirar de ouvido. Com o tempo você vai criando vocabulário, o seu ouvido vai reconhecer os diferentes acordes e diferentes sons. E aí você vai ter vocabulário para poder reconhecer esses sons e tocar, tirar de ouvido e saber os campos harmônicos de forma mais fluente, sem precisar fazer essas contas que a gente faz para chegar no campo harmônico a partir da escala e do empilhamento de terças.

Até porque você viu que existe uma fórmula para ele, que o campo harmônico maior natural sempre vai ser isso. Se você tiver isso em mente, você vai conseguir se virar bem em 90% das músicas populares. Aqui no blog sempre trago muita informação valiosa de graça, então se você acha justo, corre lá no canal e inscreva-se, compartilhe com quem quer estudar música.

Tem um meu curso também de harmonia da Canção Brasileira aí no canal que já mencionei, de graça por tempo limitado, então vai lá dar uma conferida que lá tem muito mais conteúdo sobre harmonia e você precisa saber campo harmônico para entender o que está lá e pra seguir na vida de músico e estudante de música.
É isso, beijinho, obrigado.

Quer fazer aula comigo? Chama no zap ou no direct do insta @reinaldonevess

Deixe um comentário

4 × 2 =